sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Espólio

Deixo aquilo que não fui 
Minhas vontades e desejos
O meu sorriso desequilibrado
A minha voz sem paixão

Deixo o meu legado infortúnio
Minhas andaças pela casa
Os palcos nunca visitados 
Os amigos imaginários 

Deixo aqui o meu indubitável cansaço
O meu rosto queimado de sol
O cheiro do detergente
Da gordura do fogão

Deixo o meu amor sincero
Cheio de questionamento
Mas cedido até a última gota 
Até os últimos minutos desses dias

Se não fui livre
É porque me prendi dentro do peito
Não me encontrei onde os olhos fitavam 
Não rezei para o santo certo

Se não vivi
E porque morri um pouco 
Em cada ônibus 
Em cada parada
Em cada não destino 






sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Não Há Pressa (Música)

Tente reagir
Não se entregue, não,
Mesmo em pouco espaço
Há bastante chão

Tanto desespero
Não é a função
Tudo tem seu tempo
No tempo a razão

Pra que tanta avidez
O sol há de brilhar mostrar o caminho
Nem só de pedra e espinho
Que se constrói o amor

Não precisa insensatez
Vou achar as palavras sorrindo
Caminhando e caindo,
Somos livres não sentimos dor.

O Juízo (Música)

Deuses de todas as cores
Das matas, montanhas, das flores,
Se encontram em tantas contradições
A vida que vive na seiva
É a mesma que escorre os olhos
Lacrimais, percorre a face serena.

Pois tudo ficou pra traz
Nossos sonhos e ideais
Esquecemos o "SER" feliz
Em um mundo todo aprendiz

E assim,
Deixamos a marca da nossa estadia
Sem saber como foi que chegou 
No juízo da terra perdida
Onde a noite é fria

Tudo isso quem foi que plantou?

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Não me cala

Não adianta querer me trancar
Numa sala
E ainda modificar
Minhas falas

Pois o que vi
Foi a força dos que não tem voz, não tem vez.
Pois quando sorri foi de emoção
E percebi, que não dorme em berço esplêndido
A voz roca da avenida,
Que grita, grita e grita,
Vamos lá, pode ser melhor, será melhor,
Assim será.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Cuidados

O relógio marcou o tempo
Fez dos dias caminhos para estradas desconhecidas
Abrasou o peito e tornou o ventre
A morada mais segura e misteriosa.

Brincou com as inseguranças,
Com incertezas e com as vontades,
Pediu para que o mundo mudasse,
Mudasse em tudo aquilo que fosse possível e impossível mudar

Pediu ainda que os ponteiros
Avexados com o compromisso de serem precisos
Pisassem maneiro
Que tivessem a maciez de uma nuvem
Que perdurasse a calmaria desejada
O cuidado desejado
A paciência desejada
O amor desejado.

Que desabroche em flor de sonhos
Que arpeje em meus acordes
As mais doces loas de boas vindas
E que essa orquestra silenciosa de emoções
Torne-se o enredo para os laços firmados

E doravante seja, Eu,
O guardião dos seus sonhos,
A ação que sobreveste o seu sorriso
E voz que acalanta o seu dormir...

Ao Teu lado!

Hoje perdi um pouco da minha voz
Perdi os sonhos guardados em tua mente
Não vi a Flor que, em teus olhos, foi semente
Nem semeei a cantiga da rezadeira
Mas cantei aos teus ouvidos de ribanceira
O precipício em teu sorriso desenhado
Pernoitando as costas do sonho alado
Galopado em versos de canção
Tua voz é meu sonho e minh'oração
Ensejando tua sombra ao meu lado.

Dê-me um Pedaço de Mundo


Trombetas soam
Me permitem um cheiro de chuva
Pingos doces, manhãs nubladas,
Sorriso amarelado de café.
A rotina diária me permite sonhar,
Voar nas asas do som
E alcançar o cume da chapada
Verdinha, molhada,
Envolta em neblina.

Torpes desejos de ser o que não posso,
O que não sei ser, o que não quero.
Dê-me um acalanto, um sorriso, um novo chão,
Pra que meus pés, assim, possam
Respirar terras novas, novos ares,
Outros mundos.